Antônimo de Grafite e Pichação


A pichação e o grafite, fazem parte do cotidiano de quase todas as pessoas que vivem em pequenas cidades e também nas metrópoles. Ambas instigam questionamentos a respeito da paisagem urbana com suas manifestações e peculiaridades. Prédios, muros, portões, pontos de ônibus, orelhões, prédios comerciais e diversos outros lugares são infestados pelas pichações e grafites.

No Brasil, a lei reconhece o grafite como arte, desde que feito com autorização do proprietário – no caso de espaço privado –, ou da prefeitura – no caso de espaço público.

  • § 2o Não constitui crime a prática de grafite realizada com o objetivo de valorizar o patrimônio público ou privado, mediante manifestação artística, desde que consentida pelo proprietário e, quando couber, pelo locatário ou arrendatário do bem privado e, no caso de bem público, com a autorização do órgão competente e a observância das posturas municipais e das normas editadas pelos órgãos governamentais responsáveis pela preservação e conservação do patrimônio histórico e artístico nacional

No entanto, a pichação é denominada como crime ambiental, uma manifestação altamente transgressora.

  • Art. 65. Pichar ou por outro meio conspurcar edificação ou monumento urbano: 
  • Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa. 

Em entrevista para a revista Víes, um dos maiores e mais polêmicos pichadores de São Paulo, Cripta Djan, afirma que o pichador está conseguindo ganhar espaço nas cidades, podendo mostrar o que são, mesmo tendo a privatização para os pichadores.

Eu acho que o pixador tá se apropriando da cidade, reivindicando um direito de intervenção que muitas vezes foi negado a ele, e que outros “departamentos”, digamos assim, da sociedade têm. Têm livre acesso para fazer intervenções permanentes na cidade, como prédios, muros, shoppings, e a própria sociedade não se dá conta de que não tem uma participação na construção da cidade. E o pixador tá reivindicando isso.

A pixação caracteriza-se pela palavra escrita em um muro, seguida por seu significado, como na Ditadura Militar. Um exemplo claro são as pichações em São Paulo contra o governo de Alckmin em 2 de julho de 2013, que além de mostrarem indignações políticas, evidenciaram o caso AMARILDO, o ajudante de pedreiro que desapareceu após ser levado por policiais na favela da Rocinha no Rio de Janeiro.



O pichador friburguense conhecido por PRAGA afirma que a pichação serve justamente para mostrar as insatisfações, mas existe a pichação do ego, que serve apenas para deixar o “rabisco”, marcar território.

De acordo com PRAGA, o ego é muito comum nos praticantes do interior afinal, a cidade é pequena , e quanto mais pichação houver mais chances de serem vistos.“Quanto mais alto, mais mídia” ou “Aqui é IBOPE” são frases caracterizadas por ele para dizer que tal local é importante para realizar a ação, ganhar visibilidade.

O Grafite chegou com tudo, através de pinturas, na década de 70 e foi denominada Street Art em vários partes do mundo. As primeiras intervenções começaram em Nova York por gangues do subúrbio que  deixavam suas marcas.   Um dos lugares mais acessados eram os metrôs, e a prática do grafite em Nova York nesta época era feito através de tags (como atualmente nas pequenas e grandes cidades) e não por desenhos. Um dos percussores foi o motoboy conhecido por TAKI 183que deixava sua tag nos comboios.Na época, em 1971, O jornal The New York Times escreveu uma matéria falando a respeito do jovem motoboy. O nome da matéria é “Taki 183 Spawns Pen Pals "




A experiência do grafite são recursos que vêm do fundo das pessoas e adquirem a consistência de um grito. Porque o grafite está pra um texto assim como o grito está para a voz.
A técnica do grafite aperfeiçoou-se e evoluiu para diversos estilos como Wild Style e o Throw-Up.Onde a gama de cores, profundidade, espessura entre outros aspectos ganharam evidência e mais atenção.
O grafiteiro Jean-Michel Basquiat, no final dos anos 1970, chamou a atenção da imprensa novaiorquina justamente pelas mensagens de cunho poético deixadas nos prédios abandonados. Logo depois,Basquiat ganhou o rótulo de neo-expressionista e foi reconhecido como um dos mais significativos artistas do final do século XX. Atualmente no século XXI, muitas pessoas usam o grafite como arte em museus de arte.
O que diferencia a pixação do grafite são os termos. "Pichação" só existe no dicionário português. Em outros idiomas qualquer tipo desenhos ou rabisco nos muros é caracterizado por grafite. Os pioneiros Alex Vallaury e em seguida a  dupla  Waldemar Zaidler e Carlos Matuck fizeram história no cenário artístico brasileiro, com grafites no ano de 1979 em São PauloContudo, percebe-se ,que no  Brasil, o grafite e a pixaçãosão semelhantes no quesito disputa pelo espaço urbano, mas diferenciam-se no propósito e, principalmente, na origem.
Formam-se territórios itinerantes que podem ser compreendidos como uma manifestação do sistema de comunicação presente nas sociedades complexas, marcadas pela fluidez e multiplicidade. Nesse processo de multiplicidade e pulverização das mensagens visuais, vê-se, como objetivo desses jovens, pichar a mesma inscrição na maior quantidade possível de locais públicos, de alta circulação de pessoas. Na maioria das vezes buscam locais estrategicamente situados, no intuito de marcar maior visibilidade e importância no cenário urbano.

Raramente existe rinchas de grafiteiros e pichadores.No entanto, se o grafite está em um local privado, o pichador se sente ameaçado e mesmo assim desrespeita o trabalho do grafiteiro. Em entrevista para a revista Viés, Cripta Djan afirma que todos se arriscam para fazer independente se é grafiteiro ou pichador.


"Porque todo mundo tá se arriscando pra fazer, então ali a disputa é igual, aquela disputa por apropriação da cidade é igual. O grafite também tinha essa mesma essência, e aí o grafite começou a ser usado como antídoto da pixação e começou a ser privado. Então é aí que entra essa relação de conflito, porque grafite ilegal não é atropelado, pode ver. Se o cara chegou ali e fez o bomb dele, que é o verdadeiro grafite, não vai ser atropelado. Agora, quantas agendas de pixo não sumiram para entrar o grafite privado? E os grafiteiros moralistas ainda acham que não podem ser atropelados porque eles conquistaram aquele espaço. Mas com o dono da casa? Então isso passa a se tornar uma propaganda qualquer, tipo uma publicidade. E a pixação não respeita nada que é privado. A partir do momento em que o grafite virou privado, é espaço pra nós, nós não temos mais a obrigação de respeitar o grafite."








Imagens da internet


Amanda belém

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